1_ Pretendeu este ‘concurso público’ promovido pela Câmara Municipal do Porto ‘obter’ um conjunto de ideias destinadas à requalificação da quinta do Covelo (ex-quinta do Vale no séc. XVI e ex-quinta de Paranhos) que foi doada por testamento ao Município do Porto e ao Ministério da Saúde. Ocupa uma área de cerca de 8 hectares numa zona da cidade onde falta espaço público de estadia e recreio. Constitui atualmente um ‘espaço aberto’, de algum modo ‘condicionado’ no que diz respeito à hipótese de ampla e qualificada fruição pública, por permanecer propriedade de duas entidades públicas.
_ Esta quinta foi palco de violentos combates no séc. XIX, entre os exércitos liberais e absolutistas, com a vitória dos primeiros. Destes combates resultou o incendio dos edifícios existentes.
_ Após visita ao local, pareceu-nos evidente que boa parte das pré-existências inscritas no local, deveriam constituir as matérias - vegetais/minerais/histórico-arqueológicas - de projeto, a saber: - a sua topografia, constituída por um morro com um importante conjunto arbóreo autóctone de carvalhos alvarinhos, sobreiros, castanheiros e pinheiros e por um prado que acolhe atualmente o centro de educação ambiental/hortas pedagógicas; - a alameda, que estrutura territorialmente a quinta entre o morro e o prado (este tipo de alameda carateriza diversos jardins da cidade do Porto); - a casa senhorial com capela, permanece em ruínas; - história e estórias que, pelo fato adquiram relevo para a interpretação do sistema em causa.
2_ Propõe-se que o projeto a desenvolver reabilite: - os edifícios existentes para espaço cultural e acolhimento da história e do acervo arqueológico da quinta; -os percursos pedonais existentes na área de bosque e proporcione as condições para um novo percurso de ‘pé-posto’ por entre o arvoredo e conectado ao existente; -a alameda existente como elemento estruturador de ‘receção/articulação’ entre as duas áreas programa – o bosque e o prado; -as áreas agro-pedagógicas em parte já instaladas na zona de prado e inclua uma nova estrutura arquitetónica de apoio; - e preserve o conjunto arbóreo existente com base num estudo fitossanitário prévio; - e integre mobiliário de apoio e brinquedos destinados aos diferentes grupos etários; - e otimize a acessibilidade pedonal nos arruamentos de conexão com a quinta e produza mais estacionamento para veículos automóveis. Prevê-se ainda a construção de um edifício de comércio e habitação do lado nascente da quinta.
_ Deste modo e em nosso entender, as intervenções a realizar devem demonstrar reduzido caráter invasivo de modo a preservar boa parte das atmosferas vegetais já existentes. Por isso, optamos por um redesenho de adequação do/ao pré-existente para que a transformação seja a estritamente necessária, ecológica e amplie as possibilidades vivenciais, em boa medida já experienciadas.