1 Breve manifesto pelo espaço público da cidade,
no sentido mais clássico que for possível defender.
_Este espaço é há muito
pertença do lugar e a cidade precisa dele público.
_O espaço público não
tem programa, não é criativo. O seu desenho deve apresentar-se apenas consistente
e disponível para acolher as pessoas e eventos de diversa origem, com caráter
mais, ou menos efémero, ao sol, à sombra e à chuva ou, permanecer apenas aberto
às contemplações.
_É ao edificado
existente na envolvente que cabe a responsabilidade de um preencher vasto
conjunto de funções urbanas, estas sim, devem ser densificadas com a reabilitação
dos respetivos edifícios que são de propriedade privada.
2 Nesta hipótese de reflexão
sobre o espaço público da cidade ou, de um modo mais expandido, sobre a noção
de paisagem urbana, exploramos as noções de apropriação/transformação de memórias
afetivas – virtuais e/ou reais, que pairam pelo sítio e que tentaremos colocar
em relação com as circunstâncias urbanas/plásticas envolventes.
_A ruina atual produz um
‘vazio’ (sobre o parque de estacionamento) que encaminha o seu redesenho para
um espaço aberto - palco a partir do qual se vê e se é visto - envolvido pelos potentes
quarteirões/edifício existentes. Estes também o desenham num continuum espacial/material
de carácter ‘mineral’ em contraponto com a densa atmosfera ‘vegetal’ do jardim
da Cordoaria. Pontuam este triangulo um pequeno coberto ‘dourado’ (paragem para
autocarros) e uma escadaria granítica para Nicolau Nasoni. Não se desenham
‘portas’ nem evocações de aléns históricos.
_Este terreiro deverá
ser solenemente revestido com mármore branco com acabamento a pico grosso.
_O anjo poderá regressar
quando quiser e na forma que lhe apetecer. Assim, da ex-praça do Anjo/S. Filipe
de Nery, passando pela de ex-Lisboa chegamos a um terreiro e novamente do anjo.
Pode ser praça uma vez por semana.
“O passado nunca renasce. Mas
também nunca desaparece completamente. E alguma coisa que tenha já existido
reaparece sob uma forma nova, que presentemente se procura num todo”, Alvar AAlto, in Pintores e Pedreiros,
1921.