1 Este
‘plano de pormenor’ reflete sobre uma área de intervenção de 14 hectares com
uma topografia de encosta, prado e vinha, entre o centro histórico da cidade na
cota alta e a margem norte do rio Tâmega, inclui o lugar da Torre e todo o
edificado do lado sul da rua de Cândido dos Reis.
_A
área em causa inscreve-se em áreas eco-culturais sensíveis e expressa circunstâncias,
hesitações, erros e dificuldades diversas de urbanização em terrenos declivosos
e com estruturas fundiárias/cadastrais progressivamente ‘estilhaçadas’. Estes
problemas em conjunto com os de carater socioeconómico e cultural, densificados
ao longo do tempo, não contribuíram para a construção da desejada ‘boa forma da
cidade’ (KL1981).
Contudo,
a paisagem – natural e artificial - existente possui um elevado e consensual valor
de conjunto, o qual deve ser preservado e qualificado. Este objetivo global
está em linha com o que propusemos em fase concurso – aproximar, com urbanidade,
a cidade (centro histórico) do seu rio.
Neste
contexto relevamos a atenção a dar ao frágil espaço público existente, aos
alçados de tardoz dos edifícios existentes à cota alta (estes foram, ao tempo e
na sua maioria, designados para constituir interiores de quarteirão), ao
casario com moinhos de água do lugar da Torre, ao prado e á quinta dos
Morleiros.
2 Após um
reconhecimento multidisciplinar mais detalhado do território, pareceu-nos que
as propostas de intervenção deveriam redesenhar e/ou desenhar:
_um sistema de espaços públicos com base na
circulação pedonal (partilhado quando necessário com velocípedes e/ou viaturas
motorizadas de apoio) articulada com os espaços de estadia/recreio em diversas
escalas e para diversas apropriações ao longo do ano;
_pontes com a margem sul (com o parque florestal
e o futuro teatro) de modo aproximar e tornar aprazíveis as duas margens e intensificar
a urbanidade em volta do rio potenciando os magníficos valores naturais
disponíveis; _as normativas
estritamente necessárias para desenvolver a reabilitação e/ou construção nova de edifícios com o objetivo de, na
medida do possível, compor com o apoio dos logradouros existentes e do espaço
público proposto, a ‘frente urbana’ sul da cidade; _os contributos
para dinamizar as funções urbanas
clássicas – habitação/comercio/serviços, atualmente em perda e uma vez que
estas trazem as outras e mais pessoas, o que é bom para a cidade.
_O estudo
procura estimular o aproveitamento/manutenção/reabilitação do que neste momento
se considera com valor cultural - paisagístico/arquitetónico. Destacamos ainda o
esforço realizado para a ‘conquista’ de um espaço predominantemente de carater
vegetal que, física e paisagisticamente poderemos afirmar já existir e que
venha a constituir o Parque Ribeirinho da cidade. Às propostas apresentadas correspondem
resoluções diferenciadas em função suas circunstâncias e em articulação com as
oportunidades e dinâmicas económicas/culturais que ao longo do tempo se
manifestarem.
_Este
plano é desde o seu início um trabalho coletivo, condição que, em nosso
entender, deverá continuar a desenvolver-se ao longo da sua vigência na procura
de equilíbrios entre os interesses públicos e privados.